Por Aline Naoe
Da etnia Umutina, a índia Edna relata que somente com o Terceiro Grau Indígena passou a aceitar e apreciar sua própria cultura.
“Lá a questão da cultura indígena é bem forte. Contribuiu para a nossa comunidade essa questão da valorização da cultura umutina. Hoje eu uso anel, colar, brinco, coisas que antes eu não gostava. A partir daí eu comecei a gostar, a valorizar mais nossa cultura”, relata Edna.
Para Grupioni, embora a universidade tenha incorporado esses novos atores, sua rotina de produção e difusão de conhecimento permanece a mesma.
“A interculturalidade pressupõe que a universidade também ganhasse com essa presença indígena. Não vejo, por exemplo, como a presença indígena na universidade tenha trazido para dentro dela outras questões, outros questionamentos. A universidade segue como sempre seguiu”, diz o pesquisador.
A historiadora Iraci Aguiar Medeiros acredita que isso pode mudar. Mestre em Política Científica e Tecnológica pela Unicamp e membro da Diretoria de Gestão de Pesquisa da UNEMAT, a pesquisadora desenvolveu sua dissertação e agora sua tese de doutorado baseada na experiência do Terceiro Grau Indígena e na possibilidade de integração de saberes tradicionais e o conhecimento científico.
“Eu penso que desde o começo o Terceiro Grau Indígena vem caminhando na direção de virar uma universidade indígena dirigida por indígenas”, diz Iraci.
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